Eu voo de volta pra casa;
Com asas de voz no sertão;
Poeira que sobe como brasa,
Queimando e fervendo a razão.
Nas costas, o que já vivi,
O que vi e ainda vejo;
Sentimentos todos misturados:
Paixão, ternura e desejo.
A sede me rasga a garganta;
Palavras que teimam em sair;
Sem ouro, sem bronze e sem prata,
Voando pra longe daqui.
Me liberto de tudo o que é certo,
Que, pelo menos, dizem ser assim;
Buscando a incerteza do deserto
Que um diz fez parte de mim.
Desculpa, com licença e obrigada;
Hoje eu tive que partir;
Abandono: modos, expectativas e meias caras,
De modo que não me torne infeliz.
Seu moço, sua moça e seu menino;
Está tudo certinho aí.
Dinheiro, roupa e comida;
Só levo o que trouxe quando vim.
Um pente, um terço e minha roupa de oração;
Tudo o que um dia possuí.
O restante a mim não pertence;
Não carece que seja assim.
Tive tudo o que precisei:
Meu terço, que sempre carreguei;
Meu pente, para andar “grenada” de bonita;
E essa roupa, de dizer amém.
Assim, vou voando e fazendo a oração;
Em minha reza, que nunca me falha;
Valha Deus que Ele sempre me ouça;
Oh, meu Deus! Tomara, tomara.
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