Quando percebi que não poderia amar você, minha cabeça deu um nó.

E, no meio dessa confusão, tive que, aos poucos, separar o amor de todas as outras coisas que eu sentia.

Doeu mais ainda quando percebi: se eu ficar com você, não fico comigo.

Era tão confuso, pois eu não tinha um plano B.

Você e eu éramos o plano — não havia mais nada.

E então, o tempo foi passando, e aquilo que era dito de forma mecânica foi se concretizando.

E, a muito contragosto do coração, as coisas foram tomando outros caminhos.

Fomos, aos poucos, nos convencendo de que seria a vida quem diria o que era melhor para nós — não nós mesmos, muito menos aquela voz saída do peito, que gritava por mais um dia juntos.

E o que antes era resistência se confirmou: não poderíamos mesmo ser de nós dois, mesmo querendo.

Continuar juntos nos faria infelizes.

Guardamos a nossa felicidade junto com aquilo que era mais valioso.

Um escolheu guardar num lugar seguro, pertinho — no bolso —, fez as malas e partiu.

O outro, na liberdade, nas nuvens.

Um ficou com a contradição e o vazio do estranhamente familiar.

E o outro com as raízes e as incertezas, responsável por se desfazer de tudo o que ainda faz elo, sem descanso, sem pensar. E assim vem sendo.

Dia e dor.

Semana e lágrima.

Meses e suor.

Transformando dor em poesia, lágrimas em paz e suor em liberdade.

E assim vencendo.